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Carta 28

   
Jornada de Estudos 2011 - Escócia - carta 27

Cartas de Lúcio Packter, semanais, que os colegas recebiam a cada segunda-feira.

                    

Querido colega,

Escrevo de Fortaleza, agora à noite terei uma conferência para professores e alunos da Faculdade Católica. Ontem, em Teresina, conversei longamente com alunos de uma escola da periferia da cidade, do ensino fundamental.

Hoje escrevo algumas generalidades (Exames das Categorias, ok?)sobre o cotidiano que antecede uma jornada como esta que faremos à Escócia. 

Verifique como anda seu estado de espírito, por favor. De maneira específica, procure usar o que aprendeu em Filosofia Clínica para serenar, diminuir a velocidade, ter algo próximo ao bem estar. É este o ritmo inicial de uma viagem como esta. 

Eu sei que quando a viagem se aproxima, alguns colegas se dão conta de que esqueceram dez mil coisas que deveriam ter sido providenciadas. Parece que a gente nunca está preparado, não é? Bem, duas coisas sobre isso: a  primeira é que isso já é parte da jornada, é natural que ocorra. A segunda, é que se trata provavelmente de uma ilusão, posto que a jornada já iniciou há muitos meses, quando você imaginou como seria tudo. Ali iniciou a Escócia. Nestes informativos semanais, nestas cartas, você já tem vivenciado muito do que se complementará em seguida. 

Sobre malas e roupas, você já sabe. Leve o mínimo. Se faltar, o que raramente acontece, você compra lá. É barato, vale a pena, e lembre que, de qualquer modo, você compraria mesmo que não precisasse. As meninas quase sempre não compreendem o que eu escrevo sobre isso.

 Dinheiro não é problema em um país como a Escócia, a não ser que você não tenha. Um cartãozinho Visa, uns 1000 euros no bolso. O resto é a brisa. Não leve o dinheiro em conta na Escócia, leve o seu coração tranqüilo e amoroso para passear; ele vai lhe agradecer por isso durante muito tempo.

 Saúde. Bem, aqui vai uma informação útil. O escocês bebe muito, muito mesmo. É um dado cultural. Mas devemos aqui considerar a qualidade da bebida que é amplamente boa. Temos vários médicos em nosso grupo, mas isso não é aval para descuidar disso, ok? Comer primeiro, beber depois. E, mais do que beber, degustar o que se bebe.

 Temperatura: deliciosamente outonal. Entre 9 e 14 graus, geralmente. Nas Highlands isso pode eventualmente mudar, sobretudo à noite.

 Tempo: devagar, quase parando. Esta é uma viagem para sossegar a alma e acarinhar o corpo. Portanto, com vagar.

 Peso: o melhor peso, peso leve. Passou de 1 quilo, é pesado.

 Chapéu: quem gosta de chapéu na Escócia é o vento que carrega tudo embora.

 Blusa de lã: leve uma bonita para usar todos os dias. Se levar duas, mais duas que você comprará lá...

 Produtos de higiene: aqueles que não furam, não vazam, que possuem de 150 ml para menos, são os melhores. Sabe quantas farmácias encontraremos pelo caminho? Encontraremos sempre e elas terão todos os produtos que você levou daqui.

 Roupas: o melhor é levar peças que combinam com tudo, que não amassam, que não vão lhe surpreender com botões despegando. Leve roupas macias, aquelas que fazem você se sentir em casa.

 Mimos: travesseirinhos, bichinhos de brinquedo, pode levar. É a primeira coisa que muitos esquecem nos hotéis.

 Documentos: passaporte e carteira, sempre com você. Ninguém vai assaltar na Escócia, mas é bem difícil recuperar carteiras perdidas. Nunca vi um caso de um passaporte perdido ser achado.

 Veja agora como perder uma mala e se aborrecer: basta delegar o cuidado dela a outra pessoa. Exemplo: “Jair, eu vou até aquela loja. Embarque a minha mala no ônibus que eu já volto”. 50% de chances de perda. Há chances maiores. Então, por favor, sempre cuide bem de sua mala. Se você é sacoleiro, gosta de viajar com penduricalhos, leve junto paciência e bom humor, pois vai precisar.

 Como falar no exterior: comece com “please”, termine com “thank you”.

 Pontualidade: um dos maiores problemas em viagens em grupo quando um dos participantes pensa que está viajando sozinho. Que tal se você está com fome, assim como todos os demais, e o ônibus não pode prosseguir porque dois colegas estão há duas horas experimentando roupas em um ateliê do outro lado da rua? Pontualidade é um dos confortos e um dos modos de dizer ao colega que também pensou carinhosamente nele.

 Dor de cabeça em viagem: passa.

 Notícias do Brasil: olha, o Brasil estará no mesmo lugar na volta. Se você é do tipo que liga todos os dias para fazer um resumo da viagem e para saber como está a novela a boa notícia é que tem Internet nos hotéis.

 Remédios: leve o suficiente para duas semanas, caso tome remédio controlado, além da receita.

 Medo de avião: avião não cai. Isso não passa de boato.

 Ruas: lembre que o trânsito é invertido na Escócia. O motorista fica do outro lado, o sentido da rua que geralmente vem, na Escócia vai. Ou seja, olhe sempre para o sentido oposto ao que olharia aqui.

 Monstro do lago Ness: existe. Por isso, não chegue muito perto das margens do lago sozinho. Não alimente o monstro, caso o encontre, com pipocas. Chame o professor (eu), que explicarei como proceder.

 Simpatia: os escoceses são amistosos, simpáticos, gostam de brasileiros, mas não nos conhecem direito. Muitos pensam que somos irlandeses com sangue lusitano. Gostam de nós.

 Saudade: teremos saudade da Escócia.

 Autogenia: observe o padrão escocês. Estudaremos os níveis de sustentação. Parte de nossa viagem.

   Um abraço,

       Lúcio

(agosto de 2011)