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Carta 16

 

 

   
Jornada de Estudos 2011 - Escócia - carta 15

Cartas de Lúcio Packter, semanais, que os colegas recebiam a cada segunda-feira.

                    

Querido colega,

Falemos um pouco sobre as gaitas de fole, aquele instrumento que parece não ter forma definida, com bolsas que vão escapar das mãos do tocador e com penduricalhos e pontas como flautas fincadas nas bolsas. E, afinal, o músico que toca uma gaita de fole parece um militar reformado ou alguém ligado a algo como a cruz vermelha, não é? Não se engane, isso é parte substancial da mística da gaita de fole. Sem isso ela pareceria um polvo em exposição fora da água. 

Bem,  a gaita de fole é o cavaquinho para os escoceses. Aerofone... usa de vibração. Funciona assim: possui um tubo, em geral, e um assoprador, ligados a um recipiente de ar: é o fole (a bolsa). Mas é comum mais de um destes tubos. Porém não estamos falando da riqueza melódica de um cavaquinho (que já é bastante reduzida, hein?), estamos falando de um instrumento modal, como um berimbau. Emite longas e intermináveis notas Dó. Uma gaita de fole típica se confunde com a roupa do músico; não sabemos onde começa uma e outra, e isso já é parte da melodia. Não é como os outros instrumentos de sopro. Ela pode tocar sem que o tocador pare para respirar, pois seu som é contínuo.

 De profundamente irritante a sonolenta e dócil, a gaita de fole depende do ambiente que modula a alma do tocador. Nós raramente encontraremos gaitas de fole em PUBs, como as encontraremos em ruas, em castelos, em situações oficiais. Estranhamente a docilidade do instrumento ganhou as ruas, os espaços abertos, não a tonalidade outonal de um PUB; isso se deve sobretudo ao alcance de seu timbre, ao temperamento de seu som, à personalidade forte de seu sopro.

 Nós a veremos por toda a Escócia.

Um abraço,

Lúcio

(20 de junho de 2011)