Querido colega,
Escrevo de Porto Alegre. Cheguei agora pela
manhã do Mato Grosso do Sul, onde aconteceu neste final de semana o
XIII Encontro Nacional de Filosofia Clínica. Os termômetros marcam 5
graus, mas a sensação térmica aponta para menos.
Hoje tirarei o dia para descansar. Em
Encontros Nacionais tenho reuniões, uma seguida da outra, com vários
grupos, tenho também apresentação de trabalho, e acompanho as
atividades dos alunos e professores.
Muitos dos colegas que vão à Escócia estavam
lá em Campo Grande e alguns me perguntaram porque escolhi o mês de
setembro para a nossa viagem.
Escolha simples. Durante o inverno é
complicado caminhar, fazer expedições, sobretudo para o norte do
país e, ainda mais para as ilhas. Muitos serviços não funcionam e
existem aqueles problemas sazonais de aeroportos e estradas. Mesmo
que um ar quente sopre pelos lados do Atlântico, qualquer rajada de
ar gelado do Mar do Norte derruba os ânimos. Sem chances.
Junho e setembro, em geral, temos as melhores
possibilidades de bom tempo. Agosto é mês do maior festival cultural
europeu e o país se transforma na Irlanda.
O outono dos outubros é simplesmente lindo,
mas já é muito frio para os nossos padrões brasileiros de bem estar
ao ar livre.
Se não teremos aquelas revoadas, os pássaros,
veremos outros vôos, como os gansos e patos migrando. Golfinhos,
focas, em muitas lagunas. Baleias, acho menos provável, mas alguma
delas ainda aparecerá.
Setembro tem o poema de nossa viagem, tem a
luz para as nossas fotos, a delicadeza e o som das melodias das
canções que estamos ouvindo nestes informativos. Entre o calor de
verão e o rigor do inverno, setembro tem mais o jeito afetuoso do
nosso grupo. Os turistas, bichos estranhos de comportamentos
sazonais, já foram embora.
A primavera de maio é encantadora também, mas
sem a poesia do amanhecer, os dourados do anoitecer, a suavidade
filosófica do outono, Jazz, calmas e serenidades. Além do que, é
naturalmente compreensível que na Escócia o amadurecer da primavera
é o outono, não o verão (para mim, não é?).
Um abraço,
Lúcio
(27 de junho de 2011) |
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