www.institutopackter.com.br
 

*página inicial

Carta 12

 

 

   
Jornada de Estudos 2011 - Escócia - carta 11

Cartas de Lúcio Packter, semanais, que os colegas recebiam a cada segunda-feira.

                    

Querido colega,

Escrevo de Florianópolis. Ontem, em Cascavel, oeste do Paraná, abri a nova turma de formação nas Faculdades Itecne. Um grupo interessado, com pessoas de várias cidades da região, esteve trabalhando durante todo o dia comigo. 

Hoje, umas palavrinhas sobre os castelos escoceses, aquelas construções que aparecem nas fotografias nas proximidades de um lago, de um alcantil, entre nuvens e sóis, geralmente belos de uns 300 anos para cá. Antes disso precisavam somente do abrutalhado da pedra porque tinham como objetivo a proteção. 

Mesmo os mais brutos e antigos são belos, mais pela paisagem que os cerca do que por eles. Quando, com o passar do tempo, evoluem, os embates entre os clãs diminuem, os castelos ainda seguem sendo construídos; o muramento ganha janelões e assim as muralhas começam a parecer as nossas paredes modernas; elementos barrocos e renascentistas surgem, mas não em uma ordem de coerência. Zimbórios, domos surgem. Por serem decorativos, humanizam os castelos concedendo a eles o que em nossas casas chamamos de telhados. Partes verticais, colunelos, ocupam os espaços ameaçadores que havia no cume das muretas. Olhando o conjunto de longe nota-se então que o castelo se transformou em uma grande casa. 

Ouviremos muitas histórias sobre os castelos escoceses.  Um castelo escocês que se preze tem ao menos um fantasma. Exemplos: o gaiteiro do Castelo Duntrune; a Dama Verde do Castelo Muchalls, em Aberdeenshire. Os fantasmas existem na Escócia por várias razões: porque certas histórias não podem simplesmente terminar, por causa da poesia barroca que sopra à noite, por conta da geografia com suas coreografias vivas, da imaginação e, eventualmente, por causa dos próprios fantasmas. Além disso, castelos e fantasmas combinam da arquitetura à vida social. É notadamente falta de cortesia questionar a existência de fantasmas. Lembre que, entre outras coisas, estaremos no país das fadas, das colinas verdejantes, de gente amistosa, de duendes, de lagos habitados por monstros. Neste contexto de princesas, castelos, lendas, fantasmas são parte da decoração existencial. Caem bem.

Um abraço,

Lúcio

(06 de junho de 2011)