Querido colega,
Escrevo dentro de um confortável ônibus leito
da Pluma, enquanto atravesso muitos quilômetros até o próximo
aeroporto aberto. Assim poderei chegar ao centro oeste do país, onde
tenho clínicas, abertura de nova turma, aulas e reuniões. Os
aeroportos do sul estão fechados para vôos de grandes aviões, por
conta das cinzas do vulcão chileno. Aviões pequenos e médios, como o
ATR da Trip, que voam à média altitude, decolam lotados para os
felizes que conseguiram uma passagem.
Nossa conversa de hoje é sobre como os ânimos
se modificam em muitas pessoas pelo ambiente na Escócia. Tomarei
como exemplo dois escritores: Edgar Allan Poe e Robert Burns.
A Escócia inspira dos amores sublimes aos
mistérios mais fundos, conforme a interseção que suas cores, aromas,
densidades e gentes arregimentam com o viajante. Poe não era
escocês, era de Boston, Massachusetts. Depois de órfão, foi adotado
e estudou cerca de 5 anos na Escócia e na Inglaterra, algo que se
tornou muito forte nas influências de seus escritos de mistério.
Burns era de Alloway, no condado de Ayrshire, Escócia. Era um poeta
romântico, também um engraçado escritor, e um compositor de canções
populares. Poe e Burns são exemplos do que a Escócia costuma
presentear a muitos que nela chegam, e que foi percebido pelo médico
que popularizou os florais no mundo inteiro: Bach (não confundir com
o músico): a Escócia pode potencializar nossas inclinações. “É uma
terra que nos convida a exercer o que está em nós” – ouvi certa
ocasião quando seguia de trem de Londres a Edinburgh.
De minha parte, concordo perfeitamente com
isso.
Um abraço,
Lúcio
(10 de junho de 2011) |
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