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Carta 32

   
Jornada de Estudos 2011 - Escócia - carta 31

Cartas de Lúcio Packter, semanais, que os colegas recebiam a cada segunda-feira.

                    

Querido colega,

Escrevo de minha casa. Lareira acesa, pois a temperatura está em 8 graus nesta sexta-feira. Em algumas horas vou até uma aldeia, perto da praia, jantar com a Dayde. 

Bem, sairei pouco depois do meio dia do aeroporto Salgado Filho, aqui de Porto Alegre, e à noite temos um agradável jantar, ou apenas uma acolhedora conversa, regada a um bom tinto, no hotel em São Paulo.  

As orientações foram muitas nestes últimos meses, hein? Eu sei que alguns vão sair praticamente correndo para o aeroporto, outros estão deixando problemas pendentes em casa, outros arranjaram uma alergia ou uma gripe na última hora, alguns estão com aquele friozinho na barriga, e tem gente que conseguiu todas estas coisas ao mesmo tempo. Olha, vamos fazer assim: entregue estas coisas para mim. Eu darei um endereço a elas. Cultivemos juntos o jardim. 

Esta é uma viagem com essências autogênicas. Vamos conversar muito, fazer ajustes em nossas EPs, muitos elementos via Vice-Conceito serão suavemente semeados, e muitos deles darão doces frutos.

 Nossa jornada é um horizonte de paz e conhecimento no qual o coração e a alma se reconhecerão no espaço que vai das estrelas aos lagos. Um dos objetivos imediatos é aprender a passear pela vida; um dos objetivos últimos é a serenidade na existência.

 Me dê a sua mão, vamos passear. Juntos vamos nos emocionar. Lembre de contar comigo para sorrir, para chorar, para quando tiver dor de barriga, para partilhar suas observações, porque tudo isso é parte da jornada.

 Em uma aldeia aqui perto, aldeia chamada Imbé, linda praia, certa ocasião eu parei para uma almoço tardio, no outono, três da tarde, um peixe na brasa, e ouvi a seguinte história de um pescador: o neto dele vivia na cidade e nunca tinha visto o mar. Quando completou 5 anos ficou encantado ao saber que o mar era salgado. Não podia acreditar naquilo e fazia muitas perguntas. Então um dia, após muitos adiamentos, a mãe o trouxe a Imbé para conhecer o mar com o avô. Eles tomaram a embarcação, contornaram o pontão e rumaram para a ponte. O menino exclamava ‘como era lindo o mar’, mas o avô em silêncio espreitava os moles da barra do rio. O menino achava que estavam no mar... Então, os moles se afastaram, abriram, as ondas se tornaram mais longas, cadenciadas, profundas; os sons se fizeram mais graves e a água se tornou subitamente mais azul petróleo. Os horizontes se abriram e as margens de terra desapareceram. O menino abriu os braços e com os olhinhos marejados de encantamento gritava para o vento aberto: “é o mar, vovô, é o mar, vovô... “ - para o velho pescador que, emocionado, sorria de volta.

Um abraço,

Lúcio

(02 de setembro de 2011)