Querido colega,
Angus é a região ao norte de Dundee onde estão
aquelas misteriosas pedras e seus escritos. Toda a área é parte do
nordeste da Escócia, o lado oposto ao caminho de nossos primeiros
dias naquele país.
Dundee é uma cidade que ressuscitou após os
anos 90. É ainda conhecida como a cidade dos três Jotas: “jute, jam,
journalism”. Mas talvez apenas o jornalismo tenha ainda de fato a
ver com isso.
Não faz muito tempo, Dundee era a localidade
com o maior número de milionários por habitante. Isso passou. Depois
fizeram muitos prédios feios, verdadeiras caixas de fósforos
empilhadas. Também passou. E então a cidade ressurgiu. Há muitas
versões sobre isso, a minha é a seguinte: o povo de Dundee é muito,
muito amistoso, receptivo, engraçado; inventou um modo de se
redescobrir. Não deixa de ser uma piada aquela estátua de bronze de
Desperate Dan na rua principal. Desperate Dan é imensamente popular
entre as crianças escocesas e inglesas.
Bem, estou a caminho de Gramado, na serra
gaúcha, onde passarei o final de semana. Hotelzinho, lareira,
caminhadas, um bom tinto, músicas, conversa e boa mesa, descanso. A
Dayde já arrumou as coisas reservando um hotelzinho de sonho onde
costumamos ficar. Isso é parte da preparação final para a Escócia: a
serenidade da alma, o coração suave, a mente em sintonia.
Quando você chegar ao Bristol, dia 3, em São
Paulo, eu serei aquele de barba, tomando um café no Hangar,
simpático pub do hotel, olhando meus livros, com um abraço amigo
para acolher você.
Minha sugestão é que você se solte, que
aprecie, que aprenda e se comova com esta linda jornada. Há muitas
lições poéticas e profundas para nós. Estarei sempre por perto, como
um anjo da guarda, acompanhando você. Este é o espírito desta
caminhada, o exercício da vida em aprendizagens, descanso, graça. As
conversações que faremos no ônibus, nas cantinas, pubs, colinas e
vales, lagos, aprofundarão em nós as nossas propensões rumo ao que
está em harmonia com cada um.
Um abraço,
Lúcio
(26de 2011) |
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