JORNAL DO COMÉRCIO ( JUNHO DE 1998 )
Porto Alegre

OS GAÚCHOS NA LIDERANÇA
  (por Susana França da Costa)

Em meio ao emaranhado de problemas existenciais de todas as ordens e procedências, o homem deste final de milênio continua buscando desesperadamente fórmulas, soluções e respostas para as suas inquietações. Nesta procura, se depara com mil e uma alternativas - termo que até designa as tantas terapias que surgem a cada momento -, embarcando, por falta de conhecimento, em algumas que ora nem possuem base científica comprovada com seriedade, ora apresentam contradições em suas fundamentações. Fica difícil para o leigo saber o que é fruto de impostura intelectual ou não, e na base do vale tudo para ficar bem (dentro do que entende por estar bem), vai experimentando tudo o que lhe cai nas mãos, sem qualquer critério, correndo o risco de se machucar ainda mais. Como vivemos em uma sociedade que busca resultados, talvez devesse ser esse um dos critérios para saber se algo está dando certo: os frutos de cada trabalho. Não os que são descritos só no discurso, mas também nas ações. Ver pessoas se transformando – segundo elas, para melhor -, de bem consigo mesmas e com a vida, mostrando isso no fundo do olho, no tom de voz. Assim são os clientes ou partilhantes dos filósofos clínicos. Todos vivenciam ou vivenciaram a experiência de uma forma tranqüila e se sentiram "extremamente respeitados" pelo terapeuta. É o caso da professora de Artes Plásticas da rede municipal de ensino Lurdes Lieber, de 42 anos, que caracteriza a clínica filosófica como não dolorida, onde "tu te colocas de corpo inteiro sem estar mexendo em feridas, mesmo sem saber que estás te colocando. É sutil. Tu trabalha a tua sensibilidade, a tua percepção." A professora conta que cada pessoa se expressa de uma forma especial. A comunicação dela se dá através da plástica, argila, desenho. Outras preferem a música, filmes, uma infinidade de manifestações enfim, relatando as partes que consideram mais significativas ao filósofo clínico. Lurdes Lieber afirma que em outros tipos de terapias as pessoas sentem uma certa angústia, o que ela não detectou na Filosofia Clínica. "Aqui não há pressões, tu tens vontade de voltar correndo no outro dia". Assegura que resolveu muitos conflitos interiores e hoje recomenda a experiência para os amigos. Tomou contato com este tipo de clínica após perceber os resultados em seu filho de 22 anos, que já havia feito outros tipos de terapias, sem, contudo, ter se adaptado. "Ele tomou um rumo na vida", revela. "Começou a se arriscar nas coisas que ele queria fazer e não tinha coragem. Ele tocava violão e era muito fechado. Agora, dá aulas de violão e vai nas casas das pessoas, passou a se comunicar melhor com todos. Ele está mais feliz", comemora a mãe. Após freqüentar as sessões de Filosofia Clínica, o filho de Lurdes Lieber, que já deu seu relato sobre o tema a jornais do centro do país e prefere não se identificar, saiu de uma profunda depressão. A experiência foi tão forte que ele se refere ao ano no qual iniciou as sessões como "o mais importante" de sua vida. Atualmente, o jovem cursa Filosofia na Ufrgs, pois tem como objetivo se especializar em Filosofia Clínica. Conta entusiasmado que neste tipo de terapia as pessoas não são induzidas para uma situação específica, e nela se aprende a valorizar os próprios erros. Outra cliente possui opinião semelhante: "Falo o que tenho vontade de falar" diz uma jovem secretária de 18 anos, residente em São Leopoldo. Adriana (nome fictício) conta que graças à Filosofia Clínica conseguiu largar as drogas e se tornar uma pessoa mais calma e madura. Ela havia mergulhado nos tóxicos após descobrir ser filha adotiva. "Hoje só tomo cervejinha socialmente e enquanto sentir necessidade de ir às sessões, irei." A professora de história Marinei Santos, 35 anos, considera um sucesso as sessões realizadas por cerca de seis meses com um dos filósofos clínicos formados pelo Instituto Packter. Ressalva que não obteve os mesmos resultados em uma terapia anterior, onde se deparou com "métodos constrangedores". Aos 17 anos, enfrentou uma gravidez inesperada, causando-lhe sérios problemas existenciais. Ao longo dos anos, Marinei achava que possuía um modo especial de resolver suas questões. Reconhece ter percebido que apenas os tinha deixado de lado devido ao método utilizado pela Filosofia Clínica, com a presença de elementos do seu cotidiano durante as sessões. "É diferente, sem culpas" se refere ao trabalho, enfatizando que o mesmo só trouxe coisas boas para a sua vida.

FILÓSOFOS NO BRASIL SÃO MARGINALIZADOS

A Filosofia Clínica nasceu da idéia – concebida por Lúcio Packter no início dos anos 80 – de que era possível trabalhar uma pessoa sem penalizá-la mais do que ela já se encontra quando chega a uma situação de clínica. Foi com este sonho que o jovem porto-alegrense saiu dos braços da psicanálise. Para ele, a pessoa já chega cheia de problemas, machucada, em uma situação de clínica. "Se tu além disso ainda vai rotular essa pessoa, encher essa pessoa de estereótipos, vai mexer exatamente onde dói nela. E ao sentir ainda mais dor é natural que essa pessoa vá se refugiar atrás de defesas e tudo o mais". Lúcio foi buscar na Europa a base para seus estudos. Foi lá que ele se deparou com filósofos que clinicavam. O que chamou a sua atenção foi o modo como esse trabalho era desenvolvido: "Não tinha qualquer fundamentação, sistematização ou método. Cada um fazia uma espécie de aconselhamento. Não havia uma prática consistente", relembra. De volta ao Brasil, decidiu sistematizar um trabalho de Filosofia Clínica propriamente dita e aprimorar sua formação acadêmica. Hoje, aos 35 anos, acumula em seu currículo pós-graduações em Filosofia, Psicologia e Psicanálise. No início, muitos casos clínicos eram documentados no Instituto Packter - nome dado em homenagem ao avô paterno do filósofo –, fundado em 1994 para a pesquisa, a clínica e a formação de filósofos clínicos. Com a autorização dos partilhantes (a nova geração de filósofos formados no instituto prefere a denominação clientes), as sessões eram filmadas e gravadas. O professor ressalta que na época só havia o carpete na sala onde atendia sentado no chão as muitas pessoas que o procuravam. E fazia isso de graça, só para poder praticar cada vez mais. Foi graças a essas sessões que pôde ter a certeza de que suas pesquisas funcionavam realmente na prática, passando a divulgar seus trabalhos. A partir daí começaram as dificuldades de todas as ordens, como Lúcio cita no livro de sua autoria Filosofia Clínica – Propedêutica. Afinal de contas, seu trabalho estava surgindo "em uma cidade tida como um dos pontos nevrálgicos em psicanálise na América Latina". E a clientela de todos os que se propõem a lidar com pessoas – psicanalistas, psiquiatras, neurologistas, tarólogos, astrólogos, cartomantes - de certa forma é a mesma. Passada a polêmica inicial e constatado que o desconforto é assumido por poucos, Lúcio entende que não há motivos para `ciúmes´ por parte destas práticas, pois nesse sentido a Filosofia Clínica é apenas uma alternativa a mais. "Ela não é uma panacéia, mas não veio para curar todo mundo. É apenas mais uma opção que as pessoas têm", pondera o filósofo.

NÃO EXISTEM FÓRMULAS PRONTAS OU MILAGRES

Muitos psicólogos, inclusive, elogiam e participam de atividades no Instituto, assinala Lúcio. No meio médico, a prática tem grande receptividade, com publicações sobre o tema em revistas especializadas. A rigor, não há qualquer mal-estar entre os conceitos de Filosofia Clínica e Psicologia. Uma coisa não anula a outra, pois se a primeira trata com patologias, com teorias Freudianas, comportamentais, a segunda trabalha com filosofia pura, acadêmica. Lúcio entende que é fundamental haver uma interdisciplinaridade entre as áreas afins de estudos do comportamento humano, "senão vai ficar uma coisa fechada, um clubinho dogmático, uma coisa sem pé nem cabeça". Não acredita contudo, em fórmulas prontas. Acha um absurdo colocar uma pessoa na frente do espelho e dizer `olha, por favor, diga para você mesmo: todo os dias eu vou melhorar, eu vou ser uma pessoa perfeita, pura...´ Por uma sorte, acrescenta, talvez isto feche com a estrutura de pensamento da pessoa, aí vai fazer sentido, ela pode até obter alguma ajuda. "Agora, de um modo geral, não acredito em mágica na terapia", afirma. Alerta que tais práticas podem ser perigosas, porque quem procura um terapeuta não quer palavreado bonito, chega com uma dor concreta e invisível – dói por dentro - e precisa de ajuda.

NÃO HÁ CURA

Se para a Filosofia Clínica não há patologia, se não há 'normal' nem 'patológico', não pode haver o conceito de cura, alega Lúcio. Ilustra comparativamente determinadas vidas a um automóvel que sofreu uma batida muito forte, "Dependendo do que a pessoa passou na vida... só Deus, para quem acredita!" Para o filósofo, as pessoas têm estados funcionais e podem se sentir subjetivamente mal, tensas e agitadas; qualquer tipo de manifestação subjetiva é possível. "Às vezes uma pessoa está tensa. Ela tem motivos de estar tensa. Nesta situação, procurar um estado de calma, normalidade, é um absurdo!", avalia. O estado de ansiedade, por exemplo, muitas vezes é aproveitado, como o fazem determinados artistas no desenvolvimento de seus trabalhos. "É um processo natural do trabalho deles. Como é que a gente vai anestesiar isso: 'ah, não pode, é ruim...' Não, não há 'cura'!". Quando o grande choque que há na estrutura de pensamento do cliente é atenuado ou eliminado, parte do mesmo na maioria das vezes a iniciativa de se liberar da clínica. Isso se dá após todo o processo de coleta de dados e posterior sistematização pelos terapeutas, o que pode durar em média seis meses, dependendo de cada situação. Lúcio conta o caso curioso de uma criança de nove anos que sentia o papel sumir e a caneta ser puxada quando escrevia. Enxergava luzes sobre o papel e apresentava vertigens sempre que ia estudar. Fora da situação de estudo, desapareciam os sintomas. Segundo ele, se isso fosse ser levado a termo médico, poderia passar por alucinação ou delírio. Solicitou então os exames neurológicos e toxicológicos de praxe, mas nada foi encontrado. Após seis meses de trabalho, ficou claro para o filósofo clínico que o problema não estava nela, e sim na mãe, que praticamente fazia o colégio de novo, ao cobrar muito além do que a criança podia realizar. Hoje, esta mãe é que está sendo clinicada e os problemas do filho começaram a ser amenizados.

UM NOVO MERCADO DE TRABALHO

O pesquisador acha que a formação acadêmica do filósofo no Brasil ainda é deficiente. A maioria lê comentadores ao invés dos textos de filósofos no original e não dominam outros idiomas, o que representa sérios entraves em cursos de pós-graduação como a especialização em Filosofia Clínica. Por este motivo, Lúcio afirma que não pode ir direto à parte clínica propriamente dita, tem que rever alguns autores acadêmicos com os alunos. O formato atual do curso ainda está longe do que foi idealizado por ele, onde haveria aulas pela manhã e tarde e as noites seriam dedicadas a estudos de casos clínicos, num intensivo que duraria dois anos. Mas admite que num contexto de Brasil, isso se torna difícil, porque a maioria dos filósofos está marginalizada, ganhando de R$ 300,00 a R$ 400,00 por mês. Os que dão aulas em faculdades recebem apenas um pouco mais. "O filósofo é um indigente neste país", desabafa o professor, apontando que não há respeitabilidade profissional e fazem até piada da filosofia. A pessoa diz: eu sou um filósofo. "Ah é, e tu trabalhas em quê?" é a resposta que ouve. Lúcio relata que quando estava no exterior teve que engolir o comentário de que ele não conseguiria implantar a Filosofia Clínica aqui, por não haver filosofia no país, e sim comentadores de filósofos. Mesmo assim, o estudioso nunca deixou de acreditar na idéia e fez dela a razão de seu viver. Após anos de árduos trabalhos, os frutos começam a surgir. O aumento de filósofos clínicos formados e em formação ocorre em progressão geométrica – atualmente são 500; há dois meses eram cerca de 400. Além da grande repercussão nacional, com a implantação de cursos de formação de filósofos clínicos em vários estados, cidades e faculdades, em outubro começa a se formar um núcleo em Milano, no norte da Itália. Em 1999, Lúcio passará seis meses no exterior realizando palestras e abrindo cursos. Várias cidades na Europa já solicitam informações sobre o projeto. No Brasil, os filósofos clínicos viajam o tempo inteiro e até o final do ano terão implantado o curso em cerca de 25 cidades, sendo as mais recentes Manaus, Fortaleza e Salvador. Em março de 1999, a convite do reitor João Uchôa, será inaugurado o curso de especialização em Filosofia Clínica na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, há grupos em Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria e Ijuí. Dormindo de três a quatro horas por noite e fazendo atendimentos no Brasil inteiro de graça, Lúcio revela que os alunos assumirão por uns tempos o Instituto, para que ele possa concluir um livro sobre procedimentos clínicos. Avalia que a força que move todo o projeto, um trabalho de equipe, surge através da constatação dos resultados clínicos.

A ESTRUTURA DE PENSAMENTO É A BASE PARA O TRATAMENTO

Durante os cerca de 50 minutos em que a pessoa permanece junto ao filósofo clínico, em sessões que podem durar cerca de seis meses, são colhidos os dados que posteriormente vão sendo agrupados de acordo com as situações, contexto, descrições amplas e toda a gama de critérios existentes. A princípio são feitos os exames categoriais – levando em conta o assunto, a circunstância, o lugar, o tempo e os tipos de relacionamentos do cliente - numa adaptação do que foi desenvolvido por Aristóteles e posteriormente por Kant. O objetivo é localizar existencialmente a pessoa. Num trabalho criterioso e se utilizando de ferramentas como a lógica formal, o filósofo clínico passa a relacionar os tópicos de Estrutura de Pensamento (EP). Estes são preenchidos com critérios de aproximação e não de exatidão, conforme Lúcio descreve em seu livro, por se tratar de um trabalho na área de humanas e não no terreno da ciência. Nesta terapia, a clínica é feita da pessoa para a teoria, e nunca ao contrário, com exceções de casos de emergência onde as pessoas possam estar correndo risco de vida, como suicidas, depressões profundas e alguns estágios de drogados. Nesses casos o terapeuta encaminhará o cliente ao especialista da área médica competente ou continuará a clínica sob autorização da família, com monitoração médica. Ao detectar, após minuciosa pesquisa, os choques entre os vários tópicos nas EPs, o filósofo clínico já saberá o que fazer clinicamente e começará a trabalhar os submodos, construídos a partir da especificidade da pessoa. São 32 maneiras de trabalhar o cliente que podem, numa associação, se desdobrar em um número indefinido.

NEM TODOS TÊM O DIREITO DE CLINICAR

Para os filósofos que fazem o curso de especialização no Instituto, onde o pré-requisito é a graduação em Filosofia obtida em faculdades reconhecidas pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC), trata-se da abertura de um campo novo de trabalho, além da oportunidade de se exercer como ofício o que foi absorvido na teoria. É tão ampla a aplicação da prática – crianças, pessoas à morte, obesos, adolescentes, consultorias a empresas – que muitos filósofos clínicos já se direcionam para áreas específicas. Mas para exercerem de fato a profissão, os alunos do Instituto Packter ou de qualquer outro centro de formação em Filosofia Clínica necessitam obter o Certificado A (qualificando-os à clínica e à pesquisa), concedido após a conclusão do curso, com a duração mínima de 15 meses. Durante este tempo, eles se aperfeiçoam através de palestras, grupos de estudos, debatem obras cinematográficas, têm aulas de inglês e até de argila, escultura e pintura, ferramentas que utilizarão durante a clínica. Passam ainda por um pré-estágio por volta do terceiro mês de curso, onde o filósofo clínico instrutor realiza os exames categoriais dos alunos. Se o instrutor considera o aluno apto à clínica, este é autorizado a atender um ou dois clientes, sempre sob supervisão. Ao término das atividades, se o aluno não for considerado pronto, receberá o Certificado B, através do qual estará apto apenas à pesquisa. Organizados, os filósofos clínicos já possuem um Código e um Conselho de Ética, além da Associação Brasileira de Filosofia Clínica. Consultaram o MEC e contrataram assessorias jurídica e contábil para dar um parecer com base na Constituição Brasileira sobre a legalidade dos objetivos do curso. Sinal verde dado, a equipe colocou mãos à obra. Várias obras literárias estão sendo produzidas, como o Dicionário de Filosofia Clínica, uma edição que estará concluída em março do próximo ano, organizada por uma equipe de filósofos clínicos de Fortaleza. Nos grupos de estudos e nas aulas da capital gaúcha é possível observar alunos de várias procedências, inclusive de outros estados, além de professores de faculdades de filosofia. Muitos já se detêm em segmentos específicos para aprofundarem suas pesquisas de aplicação em Filosofia Clínica. O filósofo Paulo Sérgio Rodrigues, natural de Roraima, está em Porto Alegre exclusivamente para fazer a especialização. Pretende, quando voltar ao norte do país, clinicar e transmitir os conhecimentos adquiridos para os colegas de filosofia. A mestre em Educação Salete de Lourdes Couto Abreu, de Caçapava do Sul, pretende aplicar a Filosofia na administração escolar. Já a filósofa Cleusa Bittencourt de Aguiar afirma que o curso de especialização vai direcionar e enriquecer o trabalho que já realiza junto a pessoas à morte. Para Idalina Krause, formada em Filosofia em 1986 e tendo que exercer outro tipo de atividade por uma questão de sobrevivência como muitos de seus colegas, o curso abre um novo campo de atividade, onde os filósofos "saem da marginalidade e conseguem fazer uso de todo o seu conhecimento, com muito trabalho e seriedade".

Filosofia Clínica nas Empresas

A atuação nas empresas, conforme Lúcio Packter, pode se dar de várias maneiras. Pode-se trabalhar desde pessoas individualmente, com pequenos grupos e, em casos mais amplos, com grandes grupos. É um trabalho pioneiro, que está em fase de pesquisa e implantação por dois filósofos clínicos: Jarbas Bett, em Santa Maria e Paulo Rodrigues, em Ribeirão Preto. Antes da Filosofia Clínica, o professor Bett atuou como assessor de recursos humanos por dez anos em empresas do setor calçadista, no Vale dos Sinos. Seu trabalho estava relacionado com a formação de lideranças dentro da empresa e suas implicações. Hoje, Bett pesquisa a aplicação da Filosofia Clínica na estrutura da empresa como um todo, buscando mais qualidade. Segundo ele, muitos choques interiores das pessoas são causados por situações como mudanças de cargo nas empresas, por exemplo.

As novidades para o público gaúcho

O Instituto Packter colocou à disposição em suas instalações cinco consultórios, onde as pessoas interessadas poderão ser atendidas por filósofos clínicos formados e, em breve, serão somadas mais três salas. O Centro de Estudos do instituto também está aberto à comunidade, que terá acesso a vídeos ou conferências sobre o tema.

Porto Alegre ganha no próximo dia 26 de junho algo que chamará a atenção do país todo: uma espécie de praça ou tribuna filosófica, onde o público em geral poderá tomar contato com diversos temas ligados à área, em uma cantina caracteristicamente gaúcha, no aconchego de vinhos e lareira, hábito já corriqueiro em países como França e Holanda. A primeira palestra, com o tema O Método Socrático e a Filosofia Clínica, será realizada pela filósofa clínica Margarida Nichele Paulo, às 20h. As reuniões da Kantina Filosófica – nome provisório dado pelos alunos do Instituto – ocorrerão no Restaurante Itally, na avenida Coronel Lucas de Oliveira, 1884, no bairro Petrópolis.

Pertencendo a uma tradicional família de médicos e cirurgiões, Lúcio Packter não exerce atividades políticas. Não acredita em política, por considerá-la uma forma precária de administrar as coisas e, por este motivo, a mesma está com os dias contados. Pensa que a tendência é que a administração seja delegada a pequenos comitês de vários setores da humanidade, o que será facilitado pelo uso da informática. Assediado pela imprensa nacional já há algum tempo, define a mesma como necessária, principalmente nestes tempos de Internet, observando que há a imprensa séria e a não séria.

O MÉTODO

- Filosofia acadêmica levada à terapia, feita por filósofos especializados, de posse do Certificado A.

O uso de escritos filosóficos, quase que exclusivamente. Os pré-socráticos; Schopenhauer; Locke; Hume; Kant; Gadamer; Merleau-Ponty; Wittgenstein; Popper; e os estruturalistas.

Logicismo formal associado ao empirismo inglês e à analítica da linguagem (filosofia da linguagem), epistemologia, historicidade e fenomenologia. Matemática simbólica.

Ausência de tipologia.

Ausência de critérios médicos como normal X patológico, doente X saudável.

Não utiliza medicamentos e drogas.

O atendimento é feito em qualquer local: consultório, jardins, cantinas, escolas.