Medicina
Filósofos clínicos têm encontro no dia 2 de maio  

Gilson Jorge

                 
A utilização de conceitos filosóficos clássicos em procedimentos terapêuticos é um dos fundamentos da filosofia clínica, uma teoria desenvolvida em 1995 pelo filósofo gaúcho Lúcio Packter, após 15 anos de pesquisa. Aqui no Estado, a atividade começa a se desenvolver com a formatura dos primeiros especialistas no assunto por meio da Associação Bahiana de Filosofia Clínica (Abafic).


  
Para discutir a profissão, adeptos dessa teoria estarão em Salvador esta semana para o IV Encontro Nacional de Filosofia Clínica. O encontro, que acontece a partir do dia 2 de maio no Sesc Piatã, abordará, entre outras coisas, evidências terapêuticas na filosofia clínica, metodologia filosófica, regulamentação da filosofia clínica perante o Ministério da Educação, orientação para o estágio supervisionado, e filosofia clínica e qualidade de vida, entre outras coisas.


  
“Na filosofia clínica, a pessoa é estudada no contexto em que vive e neste âmbito são pesquisadas as questões existenciais”, explica o presidente da Abafic, Valério Hilleshiem, ressaltando que essa atividade é aplicada em hospitais, escolas, empresas, consultórios e instituições relacionadas às áreas humanas.
  
O evento trará a Salvador o fundador da filosofia clínica, Lúcio Packter, e outros diversos filósofos e pensadores que participarão até o dia 5 de maio de oficinas e minicursos voltados para a consolidação da profissão. Um dos temas em destaque durante o encontro será “A diferença como possibilidade para a compreensão do outro”, assunto que será abordado pelo arquiteto e doutor em Educação Dante Augusto Gallefi.
  
Na filosofia clínica, não se trabalha com os conceitos de anormalidade patológica. “Consideramos que cada indivíduo tem sua singularidade e apresenta diferentes maneiras de interagir, o que não significa que precise de uma cura especificamente”, pondera Hillesheim. Ele ressalta que apenas em casos mais graves recomenda que os pacientes busquem com um especialista um tratamento à base de medicamentos.
 
Mas a base da filosofia clínica é a tradição da Grécia Antiga, na qual os filósofos eram especialistas em tratar das aflições da alma humana por meio do aconselhamento em praça pública de pessoas em busca de solução para os seus problemas existenciais.


  
Os adeptos dessa terapia fazem com que em um primeiro momento o chamado “partilhante” relate a sua história de vida seguindo uma certa cronologia, sem que haja nenhuma indução ou interferência do clínico durante o relato. Depois disso, o filósofo clínico fixa-se na maneira como a pessoa estruturou-se internamente e passa a observar eventuais ciclos repetitivos e padrões que causam mal-estar existencial. Mais informações sobre filosofia clínica e o encontro pelo telefone 342-4759.