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Arquivo com os Exercícios de Filosofia Clínica contendo as respostas comentadas:

 

O artigo a seguir publicado na revista de Filosofia, número 44, Editora Escala, escrito por Lúcio Packter, faz uma conversação entre os instrumentos factuais e os hermenêuticos na construção da historicidade. Converse com seus colegas e professores sobre as implicações deste aspecto na clínica.

 

Jesus Cristo não existiu

Não nasceu dia 25 de dezembro, solstício de inverno no Hemisfério Norte, uma época de festas pagãs naquela região. Mateus e Lucas escreveram que Jesus teria nascido em Belém e tudo indica que não foi assim. Alguns pesquisadores importantes questionam a pobreza de Jesus e de seus pais; indicam que é razoável acreditarmos que o nascimento se deu em uma estalagem, não em um estábulo, em uma manjedoura. Os reis Magos não eram reis Magos e não eram três. Nem mesmo em Mateus, que os cita, existe o número. Nem ao menos temos ideia da estrela de Belém. A única coisa apta para nota no céu naquela época foi o cometa de Halley ou alinhamento de planetas. Também nada conhecemos sobre se Jesus teve irmãos ou não; os textos indicam as duas possibilidades (evangelhos de Mateus e Marcos dizem que sim), sendo que se teve irmãos acabamos maculando a virgindade de Maria. Jesus, muito provavelmente, conhecia aramaico, hebraico e grego. Nesta linha, deve ter trabalhado como pedreiro, no pastoreio de ovelhas, na agricultura. É quase certo que não foi loiro, alto e nem teve olhos azuis. Se existiu mesmo, nada nem ninguém parece ter se dado conta até 30 d. C. Mais misterioso ainda é o que fez durante a vida, dos 12 aos 30 anos. Esteve na Índia e no Himalaia, como tantas fontes antigas indicam? O que foi fazer lá? Sendo sábio, qual o motivo de ter escolhido gente tão limitada como Judas e Pedro? Um o traiu e o outro o negou. Havia muitos profetas e anunciadores judeus andando pela Galiléia, operando milagres, na época de Jesus, vários com mensagens semelhantes; alguns faziam apenas mágicas.  Se Jesus existiu mesmo, não deve ter morrido com 33 anos, mas com cerca de 45 anos, e nem mesmo a data aproximada se sabe precisar. E se se fez homem, suas aproximações e ações com Madalena são problemáticas. É misterioso que tenha deixado um único escrito, na areia... Enfim, a própria Igreja Católica admite que nem ao menos temos certeza de que Mateus, Marcos, Lucas e João tenham de fato escrito os evangelhos. A Bíblia, como ela é hoje, ganhou seu corpo no Concílio de Nicéia, mais de 300 anos após tudo acontecido. Por fim, a ciência dos homens torna tudo mais dúbio; os achados recentes como os ossuários de Tiago e Caifás, os manuscritos do mar Morto, dos essênios. Nada temos que diretamente nos aponte que Jesus existiu.

Um critério de validação é a busca por elementos concretos e um critério de validação é o desdobramentos a partir de narrativas e testemunhos. Entre um critério e outro há dezenas deles pelo caminho. Alguns destes critérios, com elementos cruzados entre estruturalismo e fenomenologia, nos dão como parecer que a mensagem vivenciada em sua natureza, escopo, profundidade é maior do que as pedras de uma ruína que lhe serviriam de fundamento. Neste sentido, Jesus Cristo existe, existiu. Sua mensagem de amor, poesia, vida existiu, existe. Tudo nele então se torna concreto. Jesus Cristo existiu, existe. Mas a discussão prosseguirá, ainda que encontremos manuscritos, canecas, roupas e ossos.

 

 

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