Transexualismo é retirado de lista de doenças mentais na França
da France Presse, em Paris
O transexualismo não é mais considerado uma doença mental na França, primeiro país no mundo que o retira da lista das patologias psiquiátricas, segundo um decreto publicado no "Diário Dficial" de quarta-feira (10).
O decreto, do Ministério da Saúde suprime a expressão "transtornos precoces de identidade de gênero" de um artigo do código da Previdência Social relativo a "patologias psiquiátricas de longa duração".
Tal classificação era realizada de acordo com a feita pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
A ministra da Saúde, Roselyne Bachelot, já havia anunciado no dia 16 de maio de 2009, antes do Dia Mundial da Luta Contra a Homofobia, que o transexualismo não seria mais considerado doença psiquiátrica na França.
Na ocasião, muitas personalidades do mundo político e científico escreveram um artigo, divulgado na imprensa, para pedir à OMS que "não considerasse os transexuais como pessoas afetadas por transtornos mentais".
"A França é o primeiro país no mundo que já não considera o transexualismo como patologia mental", afirmou na sexta-feira (12) à AFP Joël Bedos, responsável francês no Comitê IDAHO (International Day Against Homophobia and Transphobia). "É histórico", acrescentou Philippe Castel, porta-voz da Associação de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais. "Era algo muito importante e muito esperado desde a promessa" de Roselyne Bachelot, acrescentou.
Para explicar sua classificação, a OMS diz que o transexualismo figura na lista de patologias registradas no manual médico DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), feito por médicos americanos. A revisão do manual, em curso, não parece prever a retirada do transexualismo, segundo Joël Bedos.
Os transexuais franceses, apagados da lista que consideravam estigmatizante, continuarão com suporte da Previdência Social, disse Bachelot em setembro último.
O Comitê espera continuar seu combate para que a OMS retire também o transexualismo de sua lista.