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Arquivo com os Exercícios de Filosofia Clínica contendo as respostas comentadas:

 

 

Um colega escreve o seguinte:

- "... e fiquei preocupado. Enviei meu trabalho para alguns filósofos clínicos solicitando um parecer. Cada um deles me apontou um Assunto Último diferente daquele que eu tinha encontrado. Entre eles mesmos o Assunto Último apontado não coincidiu. Cada um entendeu uma coisa diferente. Como é possível isso? Fiquei preocupado."

 

 

(Agapanto em inflorescência no verão).

 

Comentário de Lúcio Packter a seguir:

 

Há elementos a considerar logo de início:

 

1. Como foi feito o trabalho (estágio)? Ele está bem estruturado? A ordenação torna a análise legível? Os Exames das Categorias se fazem suficientes no trabalho escrito sem auxílio do recurso presencial?

 

2. Dados de Semiose. Considerando as modificações naturais que a Tradução acarreta na mudança dos dados de Semiose, a análise de um documento escrito em relação a uma interseção presencial de outra natureza, isso geralmente pede cuidados que são elencados na entrevista com o examinador.

 

Mas, considerando que um mesmo documento escrito foi entregue a três colegas que não tiveram acesso de outra maneira ao partilhante, como compreender a discrepância quanto ao diagnóstico (lembre que em Filosofia Clínica esta palavra tem outra acepção)?

 

Estamos diante de alguns elementos bastante conhecidos e alguns outros elementos que necessitariam de exame mais demorados. Vamos aos mais conhecidos.

 

3. O que foi solicitado aos três examinadores foi o mesmo ponto? Ou se pediu a um o Assunto Último, a outro um parecer sobre o assunto geral, e ao terceira uma outra posição?

 

4. Supondo que aos três colegas foi solicitado um parecer sobre o Assunto Último. Às vezes o texto apresenta vários assuntos imediatos cuja maior ou menor relevância variam conforme o contexto; às vezes há dois ou três assuntos últimos e o examinador sugeriu que o aprendiz se ocupasse de um deles; às vezes há elementos de passagem que permite ao examinador aponta um dos vetores que, ao ser potencializado, vai interferir no restante e, neste caso, inúmeros vetores podem ser apontados; o examinador pode, muitas vezes, pontuar para o aluno elementos importantes ao longo da historicidade. Outro dado é que os examinadores podem estar falando do mesmo assunto em abordagens e segmentos diferentes. Exemplo: ao falar de uma bola, você pode falar da bola por dentro, da bola por fora, etc.

 

5. Outro elementos essencial a considerar é a margem que o estilo de cada examinador confere a um entendimento. Exemplos de caminhos possíveis para cada examinador diante de um mesmo quadro clínico: ir diretamente ao Assunto Último com submodos contundentes; agir em vários assuntos imediatos com o intuito de fracionar, equacionar, demover o Assunto Último de suas prerrogativas; trabalhar em tópicos associados, via autogenia horizontal, promovendo mudanças que afetarão as disposições essenciais e as sintomáticas. Mas nestes e em outros casos, o filósofo clínico sempre terá como elemento de fundo a historicidade, os Exames das Categorias, a Estrutura do Pensamento, os submodos. 

 

Um dado que considero oportuno acrescentar, ainda que não parece ser o caso aqui, é que há casos complexos que apresentam grande margem de equivocidades (dubiedades) e que exigem pesquisa demorada.

 

 

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