O menino que inventou Goethe

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Prezado estudioso de Filosofia,

Na pensão onde morava, em Leipzig, ele acordava com o som do ranger das carroças nas ruas de paralelepípedos, o tilintar distante de sinos chamando para a missa matinal. A luz suave e delicada filtrava-se pelas cortinas de linho cru, e ele, ainda envolto no calor do cobertor de penas, colocava um pouco de manteiga fresca sobre o pão escuro de centeio. 

Sorvia lentamente um copo de cerveja leve, artesanal, de uma taverna próxima, como era costume entre os estudantes. Retirava com calma, do bolso interno do casaco, uma pequenina caixa de rapé de estanho  (presente de um primo distante) e inalava com cuidado uma pitada. 

Era o avançado da segunda metade dos anos 1700. O menino tinha 20 anos; sua alma respirava Shakespeare e o Sturm und Drang. 

Havia marcado, em sua tipografia, uma pequena oficina, uma leitura noturna de Lessing. As páginas seriam lidas à luz de velas de sebo (que exalavam cheiro e fumaça que se desfaziam pela pequena chaminé), lançando sombras dançantes sobre os rostos atentos. O ambiente era íntimo. O menino escrevia longas cartas que nunca terminaria. Usava uma pena de ganso mergulhada em tinta ferrosa, e sua caligrafia oscilava entre o entusiasmo e a melancolia. Cartas confessionais. 

À noite, voltava à pensão com os sapatos sujos de barro, vestindo seu casaco puído de lã, o mesmo que usava para ir às aulas; a cabeça cheia de versos. Antes de dormir, lia um trecho de Rousseau e, às vezes, apenas contemplava o céu escuro pela janela, perguntando-se se o mundo que queria criar caberia nas páginas que ainda não havia escrito. 

Foi assim que o menino chegaria à invenção de Goethe, algo que ele não imaginava que pudesse acontecer. 

Este é o tema do nosso estudo avançado, com filmes e livros, em setembro.

Convido a participar deste inspirador estudo. 

Um abraço, 

Lúcio

 

 

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