Instituto Packter
Filosofia Clínica
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“A própria queda, aliás, não tem em si mesma nada de mal se
tomares em consideração o limite para lá do qual a natureza não pode precipitar
ninguém. Está bem perto de nós o termo de tudo quanto há, está bem perto,
garanto-te, o limite desta existência donde o venturoso se julga expulso e o
desgraçado liberto; nós é que, ou por esperanças ou por receios desmesurados, a
fazemos mais extensa do que realmente é. Se agires com sabedoria, medirás tudo
em função da condição humana, e assim limitarás o espaço tanto das alegrias como
dos receios. Vale bem a pena privarmo-nos de duradouras alegrias a troco de não
sentirmos duradouros receios!
Por que motivo procuro eu restringir este mal que é o medo? É que não há razão
válida para temeres o que quer que seja; nós, isso sim, deixamo-nos abalar e
atormentar apenas por vãs aparências. Nunca ninguém analisou o que há de verdade
no que nos aflige, mas cada um vai incutindo medo nos outros; nunca ninguém se
atreveu a aproximar-se do que lhe perturba o espírito e a averiguar a natureza
real e fundamentada do seu medo. Daqui resulta o crédito que se dá a um perigo
inexistente, que mantém a sua aparência porque ninguém o contesta a sério. Basta
que nos decidamos a abrir bem os olhos para verificarmos como é diminuto,
incerto e inofensivo aquilo que receamos. A confusão dos nossos espíritos
corresponde perfeitamente à descrição de Lucrécio: «tal como as crianças no meio
da escuridão tremem com medo de tudo, assim nós tememos em plena luz!». Pois
bem, não seremos nós mais insensatos do que as crianças, nós que tememos em
plena luz? A verdade, porém, Lucrécio, é que nós não tememos em plena luz,
criamos, sim, trevas a toda a nossa volta! Não somos capazes de distinguir o que
é bom e o que é mau; passamos toda a vida a correr, a tropeçar às cegas, e nem
por isso somos capazes de parar ou de tomar atenção onde pomos os pés. Estás a
imaginar como é coisa de loucos andar a correr no escuro! Valham-me os deuses!
Não conseguimos mais nada senão termos de regressar de mais longe; sem saber
para onde nos dirigimos, continuamos teimosamente a caminhar para onde o
instinto nos leva. No entanto, se o quisermos, poderá fazer-se luz em nós. De um
único modo: adquirirmos o conhecimento das coisas divinas e humanas, um
conhecimento interiorizado, e não meramente superficial."
Sêneca
Local – Paróquia Santa Teresinha Doutora
Data – Quarta-feira, 10 de junho.
Investimento – 30,00 (integralmente doados aos trabalhos pastorais da paróquia)
Número de vagas – 15
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