TRIBUNA DE MINAS

Juiz de Fora, 27 de fevereiro de 2004.

 


Filosofia Clínica é dissecada em

aula inaugural aberta ao público

 Metodologia estruturalista obedecendo critérios da lógica

Maria Judith Possani

 

Você sabe o que é filosofia clínica? Se não sabe e está

curioso para conhecer, confira a aula inaugural de pós-

graduação aberta ao público, neste sábado, na Paulus

Livraria, com o idealizador e pensador desta nova

abordagem terapêutica, Lúcio Packter.

 

A filosofia clínica é a filosofia acadêmica aplicada à

clínica. O idealizador do processo terapêutico explica

que a modalidade obedece os critérios da lógica e do

estruturalismo. De acordo com Packter, durante quatro

meses é feita a historicidade do paciente, a partir

daí, o distúrbio que levou a pessoa a procurar a

terapia é contextualizado e deixa de ser estranho ao

paciente. Packter afirma que a emoção pode contrariar a

razão, daí a necessida de fundamentação e aplicação das

metodologias estruturalista e analítica.

 

Packter explica, ainda, que a filosofia clínica

trabalha a existência, enquanto a psicanálise estuda o

inconsciente, a psicologia trata do comportamento e a

psiquiatria trata distúrbios clínicos com fármacos.

Embora haja elementos comuns entre a filosofia clínica

e as demais terapias, existem grandes polêmicas entre

profissionais de diferentes áreas.

 

O coordenador do curso de filosofia do Centro de Ensino

Superior (CES), Padre Miguel Ângelo Guimarães Juliano,

acha que ainda é muito cedo para se confirmar a

eficácia da terapia. "Só experiências posteriores

poderão dizer-nos o valor da filosofia clínica, assim

como das possíveis correções na empostação inicial,

como acontece com toda ciência que trata o ser humano."

 

O psicanalista e psicoterapeuta Alonso Augusto Moreira

Filho se diz a favor da modalidade uma vez que a

terapia não deve ser exercida apenas por médicos e

psicólogos. De acordo com ele, grande parte do

pensamento de Freud se apóia na filosofia e na

biologia. Mas, o psicanalista se mostra contra a nova

abordagem terapêutica quando diz que a filosofia

clínica não mantém as três exigências básicas para uma

terapia: estudos teóricos, análise pessoal e trabalho

supervisionado. "Além disso, é preciso ter uma base

biológica, muito importante para o conhecimento

psicológico", complementa Alonso.