(artigo de Zélia Cavalcante publicado dia 6 de fevereiro)

O mundo hoje, muito mais que ontem, tem destinado o homem à necessidade de buscar conhecimento em relação aos transtornos neuropsíquico e psicossociais, que assolam em parte, a humanidade.

                Por conta do avanço da indústria tecnológica e o márquete da propaganda, vem aumentando a ambição, a vaidade, o orgulho e o desejo desse homem, capaz de aguçar a mente estimulando-o a pensar individualmente em si mesmo, a querer não só o possível, mas também o impossível que o conduz a uma corrida desenfreada rumo ao “abismo” do capitalismo. Tal condição induz o ser humano à necessidade de consumo compulsivo, bem como a uma acirrada competição, caracterizando-se um sério problema o qual tem se tornado foco de estudos para diversos teóricos e pesquisadores na área humanista.

                A partir dessa observação e de outras em diversas circunstâncias, emergiu da Filosofia Acadêmica, a Filosofia Clínica; uma nova modalidade de psicoterapia, tendo como objetivo a preocupação com o outro. Segundo o professor Lúcio Packter, pesquisador e sistematizador da Filosofia Clínica no Brasil, em sua fala ele afirma justificando sobre essa origem e diz: “- É a Filosofia Acadêmica adaptada e direcionada à atividade clínica, realizada por pessoas graduadas em filosofia, com certificado reconhecido pelo MEC.”                       

                Entre as diversas respostas dadas, a filósofos clínicos em formação, aluno da Especialização em Filosofia Clínica, Packter declara que o que o levou a desenvolver este trabalho foi uma seqüência de constatações que começou a ganhar importância e urgência.              Primeiro, uma ruptura irremediável com o modo tradicional de terapia seguindo em busca de um novo caminho, Packter se expressa: “Em minha Estrutura de Pensamento (EP), senti a necessidade de compartilhar meu trabalho com todos os filósofos que quisessem saber algo sobre minha pesquisa. Penso que a Filosofia Clínica é um juízo sintético a priori ou é um juízo sintético a posteriori”.

                Para maiores esclarecimentos aos fieis leitores de o Jornal “AMAZONAS EM TEMPO”, em Manaus-Amazonas, transcrevo aqui uma introdução sobre a biografia do professor Lúcio Packter, publicada no Tablóide de Filosofia Clínica, em maio de 2001, pela a Associação Cearense de Filosofia Clínica, na capital de Fortaleza, por ocasião do lll Encontro Nacional de Filosofia Clínica no qual estiveram presentes terapeutas de vários estados brasileiros com a proposta de debaterem no Nordeste Procedimentos e Ética na Clínica filosófica.   “Nascido em Porto Alegre, Rio grande do Sul, o filósofo Lúcio Packter, 38 anos iniciou a sistematização da Filosofia Clínica durante os anos 80, ao realizar  viagens de estudos à Europa. O projeto consiste em adaptar a filosofia acadêmica à clínica.           Em 1994, fundou na capital gaúcha o Instituto Packter, uma instituição direcionada à pesquisa clínica e à formação de filósofos clínicos. Um ano depois, a primeira turma do curso de Filosofia clínica iniciou sua trajetória. A partir daí, o trabalho foi se multiplicando em vários pontos do país, com a ajuda dos filósofos que haviam concluído a primeira turma do curso. Nos últimos anos Lúcio Packter vem passando grande parte de seu cotidiano em pontes aéreas, atendendo a convites de universidades brasileiras para realizar palestras sobre Analítica da Linguagem, Lógica, Filosofia Clínica e Epistemologia...”

                Atualmente, esse mestre da Filosofia Clínica, continua divulgando o seu trabalho em quase todos os estados brasileiros, expandindo novos cursos com aulas presenciais, e também com a opção em Online pelo site: www.filosofiaclinica.com.br

De acordo com o escritor José Mauricio de Carvalho, ao publicar o livro (2005) (Estudos de filosofia clínica – uma abordagem fenomenológica), no qual ele apresenta o resultado de seu trabalho ao acompanhar a evolução da filosofia clinica evidenciada nos congressos nacionais e regionais que acontecem anualmente, ele afirma o seguinte:

 “A filosofia Clínica está se fazendo conhecida rapidamente em nosso país e fora dele. Temos acompanhado o interesse crescente que o assunto suscita entre filósofos e estudantes de filosofia, mas também entre psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, professores, enfim, em diversos segmentos profissionais que trabalham com a consciência e o comportamento humano. E conclui dizendo que a filosofia clínica é uma técnica de ajuda pessoal que responde aos desafios contemporâneos. O homem de hoje encontra-se confuso entre o que percebe como suas possibilidades e as demandas que a vida lhe faz: um desempenho cada vez mais eficiente no mundo do trabalho, das relações pessoais e um consumo crescente de bens e serviços. Tudo o que a sociedade lhe oferece surge para ele como um apelo de consumo, algumas vezes mesmo as relações humanas adquirem tal caráter. O resultado da referida circunstância é a multiplicação de choques na sua estrutura de pensamento. Porém não é só esta a razão dos choques na EP. Quanto mais plural a sociedade, quanto mais aceitas as diferenças entre os grupos minoritários, maior a oportunidade de se explicitarem mundos singulares e maior oportunidade de choques ou nós existenciais. Os homens de hoje constroem a sua singularidade diante de novos problemas...”

Ainda continuando o pensamento e a argumentação do livro, o autor afirma que: “O homem de hoje é o destinatário da clínica filosófica. Para enfrentar a hodierna face do desamparo contemporâneo, a filosofia clínica foi organizada sob inspiração fenomenológica. É no legado do movimento fenomenológico existencial que Lúcio Packter encontra os eixos teóricos de sustentação dos procedimentos clínicos que desenvolveu...”

                Endosso com convicção plena tudo o que foi aqui transcrito a respeito do nascimento e do crescimento da Filosofia Clínica. É realmente um estudo muito gostoso, onde aprendemos a nos conhecer subjetivamente e dessa forma estaremos preparados para administrar com  boa liderança e mais facilidade as nossas próprias” emoções “e tudo  que estiver relacionado à nossa estrutura de pensamento (EP), que inicia com o tópico 01 (Como o Mundo Parece e encerra com o tópico 30 Autogenia)( Compêndio de Filosofia Clínica – Margarida Nichele Paulo, Porto Alegre – p.40 1999)

                 Em Setembro do ano em curso foi realizado o l Seminário Internacional de Filosofia clinica, na Grécia. Packter conduziu sob sua orientação um grupo de 37 pessoas entre elas: filósofos especialistas, (B) filósofos clínicos, (A) e doutorandos em Filosofia Clínica. Uma viagem maravilhosa ao berço da Filosofia por onde percorremos em estudos constantes a Grécia Continental e a capital grega, Atenas, onde visitamos muitos pontos históricos, principalmente Acrópoles. Sem nenhuma dúvida uma experiência sem igual para o grupo de filósofos clínicos que lá estavam. Adquirimos um conhecimento inédito, que muito irá contribuir subjetivamente para todos nós que fizemos parte neste estudo filosófico e histórico, em contraste com a atual modernidade do lll milênio de um mundo globalizado.

                                O Filósofo Clínico em formação deve ser uma pessoa com formação filosófica acadêmica; aluno de especialização Latu sensu, com ênfase em Filosofia Clínica, disposto a aprender e praticar todo o ensinamento didático e metodológico recheado com as regras e critérios oriundos do próprio ensinamento. Um humanista disponível a perceber no clamor do “outro” à luz dos critérios baseados em conceitos, questões e conflitos; capaz de análise da Filosofia Clínica. Basicamente essa pessoa pela lógica deverá desenvolver em seu íntimo, amor, sabedoria, empatia e carisma. Ora dotada de tais qualidades estará apta para aperfeiçoar-se neste aprendizado através de muita leitura reforçando o seu conhecimento e firmando-se com um farto aporte teórico, o qual lhe dará segurança e confiabilidade em tudo o que aprendeu sobre como aplicar na prática a Filosofia Clínica.

                A Filosofia na minha visão de mundo, é a mãe de todas as ciências; é a vontade de pensar, refletir, agir em favor do bem, significar e resignificar o mundo nas suas mais diversas circunstâncias. A filosofia é linda!!!

                “Arthur Schopenhauer (1788-1860), considerado o “filósofo obcecado pela vontade  ”....sustentava que o conjunto dos fenômenos do mundo constitui uma manifestação da vontade como fundamento de todas as coisas e, caso essa vontade fosse abolida do mundo, então este também seria abolido. ... O seu trabalho mais conhecido como tese de doutorado: “O Mundo como Vontade e Representação, publicado em 1813, sustentou que a Filosofia era a solução real para o enigma do mundo.”

                De acordo com o artigo publicado por uma aluna de Filosofia Clínica, com o tema: Por que a Filosofia Clínica é Filosofia? (www.filosofiaclinica.com.br/artigos/Raquel/Camargo/julho 2006). A autora diz que o que faz da Filosofia Clínica, Filosofia são as significações essenciais que caracterizam fundamentalmente o termo Filosofia e que na Filosofia Clínica encontra-se por assim dizer ‘objetivadas’, usando outras palavras; a Filosofia Clínica é Filosofia porque ela abarca e realiza tudo aquilo que o termo Filosofia traz de mais essencial. (Segundo ela, a Filosofia nasceu e nasce em cada ser humano capaz de pôr em movimento, por si mesmo seu próprio pensamento...) Conforme ainda a sua explanação... “o ser humano filosofa, antes de tudo, pelo compromisso que tem consigo mesmo, com sua vida, com a vida da humanidade e com o mundo que o cerca... A Filosofia começa no humano. “O humano é seu ponto de partida e sua linha de chegada...”

                Por essa, e outras colocações  citadas, e pelas  que ainda serão verbalizadas, é que nós como alunos de Filosofia Clínica, precisamos nos ater a todas estas informações, e buscarmos muito mais através de bastante leitura e pesquisa. Dessa forma nos tornaremos profissionais capazes, dotados de carisma e empatia para desvendar com cautela, respeito e humanismo, os “enigmas “que se apropriam de tantas “Estruturas de Pensamento” pelo mundo afora.          

Zélia Cavalcante de Oliveira

Graduada em Teologia Filosofia e Ciências Humanas (Centro de Estudos do Comportamento mano CENESCH (1981) – Manaus/AM  

Filosofia – convalidada pela Universidade Católica de Brasília – UCB (1999)

Especialização:  Psicologia Social (2006) – Faculdade Nilton Lins/ parceria UFPB de Brasília - U 

Especialização: Filosofia Clinica (2002) – Instituto Packter   

Mestrado: Psicologia Social (2008) (- Universidade Federal da Paraíba - UFPB

Doutoranda: Filosofia Clínica (2009) – Instituto Packter (modalidade institucional)